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quinta-feira, 26 de março de 2009

O Novo Acordo Ortográfico vai “Pegar”?

Enquanto o sapato português já foi çapato, a pharmácia levou séculos para se modernizar – e perder o ph. Sòmente, sêde e tôda foram mais duradouros: resistiram heroicamente até 1971.

Nossos irmãos lusitanos agora vão ter de habituar-se a largar de mão o h de húmido (será que vão?), não poderão mais activar o alarme; tampouco cometer infracções. Pela nova ortografia, será considerado policticamente incorrecto ir de férias ao Egipto ou encarar a vida com optimismo.

Aqui do lado de baixo do Equador também teremos nossa cota (ou quota) de sacrifícios: degustaremos linguiças sem trema e nossos sequestros nunca mais serão os mesmos. Será que vamos aguentar?

Menos mal que os portugueses continuarão a escrever facto e indemnizar, tão distantes dos nossos fato e indenizar. Tudo bem que eles continuem falando fémur, pónei, pénis e ónus. O que fazer se eles gostam das vogais abertas, enquanto nós preferimos as fechadas?

O fato é que muitos não creem no acordo e o repudiam; outros veem na reforma o aumento saudável do intercâmbio entre os povos de língua portuguesa, que poderá alçar voos mais altos.

Por ora, a questão é polémica – ou polêmica. O futuro é que vai decidir quem está com a razão. E se a ideia deste acordo valeu a pena.


Mudanças no alfabeto

O alfabeto terá 26 letras. As letras k, w e y, que nunca saíram totalmente de moda, voltam agora com toda a força.
Essas letras costumam aparecer:

a) na escrita de símbolos de unidades de medida:
K, km, kg, kw

b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros
show, playboy, playground, windsurf, waffle, whisky, kung fu, yin, yang, yen, William, Kaiser, Kafka e layout

Acabou o trema!

O mundo nunca mais será o mesmo! Pingüim, freqüência e qüinqüênio são algumas das palavras queperderão o velho charme.

E as consoantes mudinhas? Foram-se embora
Desaparecem as letras C, P e M nas sequências cc, cç, ct, pç, pt,mn,bd e bt
accionista, acção, factura, excepção, baptizar, omnipresente, súbdito, subtileza

Se a consoante for pronunciada, permanece a grafia de sempre (fricção, eucalipto, bactéria).


Acentuação gráfica

As mudanças:

a) Caiu o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas

apóio
celulóide
heróico
jibóia
jóia
colméia
idéia
estréia
geléia
platéia


b) Caiu o acento no i e no u tônicos quando vierem após ditongo.
feiura, baiuca, maoismo

c) Caiu o acento das palavras terminadas em êem e ôo.
creem, leem, veem, enjoo, voo, abençoo

d) Caíram os acentos diferenciais de pára/para, pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

e) Continuam os acentos diferenciais de pôr, pôde e os acentos que diferenciam singular e plural dos verbos ter e vir (e compostos).
f) Caiu o acento do verbo arguir

arguo, arguímos, arguem

g) Verbos do tipo averiguar, desaguar, enxaguar, delinquir e afins têm dupla pronúncia: podem ou não receber acento.

averíguo/averiguo, enxáguas/enxaguas, delínquo/delinquo



HÍFEN

Tracinho ainda trapalhão?
Embora o número de regras tenha diminuído, ainda não chegamos à racionalização pretendida pelos usuários. De qualquer forma, houve avanços.

Vamos às regras?

Palavras compostas
Hífen quando o primeiro elemento é substantivo ou adjetivo, verbo, advérbio ou numeral.

Substantivo ou adjetivo: cirurgião-dentista, mesa-redonda, guarda-civil, sócio-econômico, recém-criado


Verbo: arranha-céu, porta-retrato, beija-flor, conta-gotas, guarda-chuva


Advérbio ou numeral: segunda-feira, primeiro-ministro, sempre-viva, bem-humorado, mal-estar


Compostos que designam espécies botânicas não receberão mais hífen, quando empregados em sentido figurado.
Veio falar comigo cheio de não me toques.A crise financeira parece uma verdadeira bola de neve.


“Apesar de o Acordo não mencionar expressões com valor de substantivo, do tipo deus nos acuda, bumba meu boi e tomara que caia, tais unidades fraseológicas devem ser grafadas sem hífen. Da mesma forma, serão usadas sem hífen locuções como à toa, dia a dia e ponto e vírgula”

Evanildo Bechara in “O que muda com o Novo Acordo Ortográfico”


Hífen com prefixos


Deve-se usar o hífen:

h) Quando o segundo elemento começa com h.anti-higiênico, pré-história, super-homem

i) Quando o segundo elemento começa pela mesma vogal.
anti-inflamatório, arqui-inimigo, contra-atacar

j) Com os prefixos ex, pós, pré, pró, sem e vice.ex-diretor, pós-graduação, pré-vestibular, pró-ativo, sem-terra, vice-presidente,

k) Quando o segundo elemento começa pela mesma consoante final do prefixo.inter-regional, hiper-requintado, super-resistente

l) Com os prefixos circum e pan, diante de palavra iniciada por m, n e vogal.circum-navegação, pan-americano

m) Quando o primeiro elemento termina por b ou d e o segundo elemento termina por r.ad-referendo, sub-reitor, ab-rupto (ou abrupto)


Não se deve usar o hífen

a) Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s.antirrábica, biorritmo, contrarregra, microssistema, semirreta

b) Quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento
antiaéreo,coautor, contraofensiva, extraescolar, infraestrutura,

c) Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.autoproteção, coprodução, pseudoadvogado, semideus

José Paulo Moreira de OliveiraConsultor Sênior do Instituto MVC e
Autor dos livros:“Como Escrever Melhor” – Publifolha
“Como Escrever Textos Técnicos” - Thomson Learning do Brasil.

*Aaron Anderson *
Assessor de Comunicação

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