FIQUE POR DENTRO

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mercosul faz cerco a propaganda de produtos do tabaco

Em reunião, ministros da Saúde fecham acordo contra a divulgação de cigarros e outros; Brasil deve ajudar em medidas para diminuir o número de fumantes

Os países do Mercosul firmaram nesta última sexta-feira (20) um acordo para promover ações que eliminem a publicidade, promoção e patrocínio de produtos de tabaco. O documento foi assado na 26º Reunião de Ministros de Saúde do bloco. Além da ação, os ministros também acertaram a formação de um plano regional para o controle da influenza A (H1N1), a estruturação de uma rede de combate à dengue, a regulação dos bancos de cordões umbilicais e o combate ao tráfico de órgãos.
Para o ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão, o país poderá ajudar seus vizinhos na formulação de medidas para diminuir o consumo do tabaco e a restringir a divulgação desses produtos. “Há diversos estudos que apontam que a publicidade de produtos de tabaco induzem o seu consumo, em especial o dos jovens. O Brasil tem uma experiência exitosa na formulação de políticas públicas de saúde para diminuir o hábito de fumar da população”, afirmou Temporão.
Segundo pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, que entrevistou 54 mil pessoas por telefone em 2008, o consumo de cigarro entre os jovens brasileiros, caiu mais do que 50% nos últimos 20 anos, passando para 14,8% das pessoas entre 18 e 24 anos. Em 1989, esse percentual era de 29%. Sobre a população geral, a tendência também é de forte queda, passando de 35% da população adulta para 15,2%, no mesmo período. Para obter o resultado, o país proibiu a propaganda e patrocínio pelos produtores, realiza campanhas e determinou a utilização de advertências sanitárias nos postos de venda e em produtos do tabaco.
O texto assinado institui que os países do Mercosul devem “promover a implementação de ações no âmbito de seus respectivos países para eliminar toda a forma de publicidade e promoção de produtos de tabaco”. O documento tem como base o compromisso assumido na Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê medidas para a restrição do uso desse tipo de produto e foi ratificado por 191 países.
Carlos Felipe de Oliveira, coordenador brasileira do setor saúde do bloco, afirma que a medida é fundamental para as regiões de fronteira. “Sinais de TV, rádio, jornais e revistas circulam entre os países. A idéia é que haja uma ação coordenada para potencializar as ações nacionais e regional contra o consumo do tabaco”, disse. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2006), o tabagismo é o mais importante fator de risco isolado de doenças graves e fatais, atribuindo-se ao consumo de tabaco 45% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica, 25% das mortes por doença cerebrovascular e 30% das mortes por câncer. Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes e a mortalidade por este tipo de câncer entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre os não-fumantes. De acordo com o instituto, 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos, sendo que 15 anos é a idade média de iniciação.
H1N1 – Os ministros da Saúde decidiram pela organização de um plano regional contra a Influenza A (H1N1). “Os países, até o momento, estavam centrados em medidas nacionais. O que queremos, agora, é avançar e promover uma ação conjunta contra a influenza A”, disse Temporão. A partir desta semana, os países se reunirão por teleconferência para estruturar as medidas que serão adotadas. Entre as iniciativas, devem compor o plano medidas coordenadas de comunicação, atenção sanitária e troca de experiências e informações.
Além disso, os membros do bloco querem estruturar medidas para compartilhar medicamentos e insumos necessários para o tratamento de pacientes. Atualmente, por exemplo, o Brasil possui medicamentos suficientes para 9 milhões de tratamentos, mas, por restrição de contrato com a empresa fornecedora, não pode oferecê-los aos países vizinhos. O bloco também defende o acesso as inovações por meio da detecção do vírus e desenvolvimento de seus derivados (medicamentos, vacinas e insumos para diagnóstico) – essa defesa também foi firmada entre todos os países da América do Sul e da África, na 62ª Assembléia Mundial de Saúde, que ocorreu no último mês, em Genebra (Suíça)
A Reunião de Ministros também deu sequência a criação de um escudo epidemiológico da região. A dengue é uma das doenças prioritárias da ação. A idéia foi lançada anteriormente, no encontro de ministros da Unasul, no início deste ano. Para Temporão, apresar de não existir uma vacina contra a doença até o momento, todos os países da região conseguiram diminuir o avanço da dengue. No Brasil, neste ano, houve até momento um recuo de 53% da notificação dos casos.
*
BANCOS DE CORDÃO UMBILICAL – Outro acordo firmado no encontro foi a de melhoria na captação e na qualidade dos bancos de células-tronco, provenientes de cordões umbilicais. Além de criar condições aumentar o número de doadores, os países decidiram por desestimular a criação bancos para coleta de cordões umbilicais para uso individual – aquela situação em que pais pagam a um coletor privado para estocar esse material. Os ministros defendem o uso público, assim, não só beneficia as necessidades desses indivíduos, como também, as de outras pessoas.
Finalmente, na reunião, aprovou-se medida para combater o tráfico de órgãos, o que resultará na implementação de um sistema de registro no bloco dos indivíduos doadores e receptores, e os países se comprometeram a proibir e buscar de propagandas de transplante de órgãos em outros países.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui você poderá fazer suas denúncias e comentários.
Se você recebeu algum comentário indevido. Utilize-se deste canal para sua defesa.
Não excluiremos os comentários aqui relacionados.
Não serão aceitos comentários com palavras de baixo calão ou denúncias infundadas. Aponte provas caso queira efetuar suas denúncias, caso contrário, seu comentário será removido.