“Prejuízo muito grande para a população”, avalia presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação sobre cortes no Sistema S
Governo federal sinalizou que pode reduzir em até 50% recursos federais do orçamento de instituições como SESI, SENAI e SENAC, que oferecem treinamento profissional e assistência técnica para setores da economia.
Um dos setores de maior relevância para a economia brasileira, com participação de US$ 152,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB), o turismo empregou, apenas nos quatro primeiros meses de 2018, 2,9 milhões de pessoas em todo o país, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Desse total, 65% (1,9 milhão) dos trabalhadores ocupavam vagas no segmento de hospedagem e alimentação.
Por exigir uma qualificação técnica específica, representantes do setor demonstram preocupação com possíveis cortes nos recursos federais destinados ao Sistema S, conjunto de nove instituições que oferecem treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica para diversas categorias. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro já sinalizou cortes de até 50% nas verbas dessas entidades, entre elas o SENAC, voltado à qualificação de mão de obra dos setores de serviço, comércio e turismo.
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, os cortes propostos pelo governo federal podem gerar um cenário de desemprego e perdas para o setor, que ainda não se recuperou totalmente da crise econômica.
Por exigir uma qualificação técnica específica, representantes do setor demonstram preocupação com possíveis cortes nos recursos federais destinados ao Sistema S, conjunto de nove instituições que oferecem treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica para diversas categorias. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro já sinalizou cortes de até 50% nas verbas dessas entidades, entre elas o SENAC, voltado à qualificação de mão de obra dos setores de serviço, comércio e turismo.
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, os cortes propostos pelo governo federal podem gerar um cenário de desemprego e perdas para o setor, que ainda não se recuperou totalmente da crise econômica.
“Fazer os cortes anunciados de maneira unilateral e sendo tão incisivo assim é um prejuízo muito grande para toda a população brasileira. O corte proposto não se sustenta pela argumentação do Ministério (da Economia) no tocante à destinação dos valores. Ou seja, o governo não vai economizar com a desoneração da folha do Sistema S porque não faz qualquer empresário de lucro real presumido dar emprego. O que dá emprego é demanda”, avalia Sampaio.
Referência
Há mais de 70 anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial é referência para qualificação da mão de obra no setor de turismo. Segundo a diretora de Educação Profissional da instituição, Ana Beatriz Waehneldt, o curso de guia de turismo foi o mais procurado no ano passado: 4.500 matrículas foram feitas nas unidades do SENAC em todo o país. Em seguida, aparecem os cursos ligados à hospedagem e alimentação, como governança em hotelaria e técnicas básicas para cozinheiro.
“É um dos segmentos (turismo) que mais atrai. E principalmente o setor de alimentação, de gastronomia. Ao contrário de muitos outros, ele é um setor que mantém empregando. Ele é um setor que ainda demanda mão de obra, que ainda demanda jovens e profissionais capacitados. Então, essa é uma demanda permanente, e por isso a gente oferece cursos nesse segmento em todo o Brasil, o que não acontece, às vezes, com outros segmentos”, explica a gestora do SENAC.
Ana Beatriz Waehneldt lembra que a instituição também oferece cursos livres e de curta duração, como de barbeiro, maquiador, costureiro e assistente administrativo. Há também a opção de cursos de médio e longo prazo. “São cursos que vão desde a formação inicial, isso é importante falar, até o curso superior. Então, a gente tem títulos de qualificação profissional, cursos de menor duração, como cursos de aperfeiçoamento, que estão nessa perspectiva de educação continuada, passando por cursos técnicos”, esclarece.
No caso do setor industrial, o SESI e SENAI são referências na educação básica e profissional, tecnologia e inovação e saúde e segurança para os trabalhadores. Distribuídas em todos os estados e no Distrito Federal, as escolas SESI, por exemplo, adotam metodologias e currículos inovadores voltados às necessidades do mundo do trabalho. Na instituição, quase 190 mil alunos aprendem também em sala de aula robótica educacional, nos ensinos fundamental e médio, em todas as 501 escolas espalhadas pelo Brasil – sem contar as 553 unidades móveis. Apenas no ano passado, o SESI beneficiou ainda mais de 3,5 milhões de pessoas com serviços de saúde e segurança, como a aplicação de quase 990 mil vacinas.
Já o SENAI é um dos cinco maiores complexos de educação profissional do mundo e o maior da América Latina. Os cursos oferecidos formam profissionais para 28 áreas da indústria brasileira, desde a iniciação profissional até a graduação e pós-graduação tecnológica. Em 2018, foram realizadas mais 2,3 milhões de matrículas em educação profissional, nas 587 unidades fixas e nas 457 unidades móveis, entre elas dois barcos-escola. Juntas, as instituições empregam mais de 65 mil pessoas.
Estrutura de primeiro mundo
Na opinião do economista e especialista em educação Cláudio de Moura e Castro, a estrutura e a qualificação oferecida no SENAI podem ser consideradas de primeiro mundo.
“Por quase 15 anos, trabalhei na OIT, no Banco Mundial e no BIT. Me coube, nesse momento, visitar muitas escolas profissionais, algumas em países avançados, mas a maioria nos países ditos ‘em desenvolvimento’. Uma coisa me chamou atenção: eu não vi nenhuma escola de país em desenvolvimento que chegasse próximo às escolas do SENAI. Pelo contrário, essas escolas estão praticamente no mesmo nível daquelas escolas que a gente admira nos países avançados”, disse.
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, aponta ainda que nenhuma instituição da iniciativa privada conseguiria igualar a qualidade do serviço oferecido pelas instituições do Sistema S.
“O governo está com o viés errado quando diz que vai economizar ou vai propiciar emprego cortando isso. O governo não tem condição de substituir os cursos com a qualidade oferecida hoje, jamais. Os cursos são subsidiados e a iniciativa privada, se fosse olhar aqueles que trabalham na área de formação profissional, teriam que ter lucro. Se houver de fato esse corte, muitos cursos que exigem laboratório, processo de complementação para formação profissional que demandam insumos, instalações específicas, não vão poder ser mantidos e vão fechar também”, alerta.
Referência
Há mais de 70 anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial é referência para qualificação da mão de obra no setor de turismo. Segundo a diretora de Educação Profissional da instituição, Ana Beatriz Waehneldt, o curso de guia de turismo foi o mais procurado no ano passado: 4.500 matrículas foram feitas nas unidades do SENAC em todo o país. Em seguida, aparecem os cursos ligados à hospedagem e alimentação, como governança em hotelaria e técnicas básicas para cozinheiro.
“É um dos segmentos (turismo) que mais atrai. E principalmente o setor de alimentação, de gastronomia. Ao contrário de muitos outros, ele é um setor que mantém empregando. Ele é um setor que ainda demanda mão de obra, que ainda demanda jovens e profissionais capacitados. Então, essa é uma demanda permanente, e por isso a gente oferece cursos nesse segmento em todo o Brasil, o que não acontece, às vezes, com outros segmentos”, explica a gestora do SENAC.
Ana Beatriz Waehneldt lembra que a instituição também oferece cursos livres e de curta duração, como de barbeiro, maquiador, costureiro e assistente administrativo. Há também a opção de cursos de médio e longo prazo. “São cursos que vão desde a formação inicial, isso é importante falar, até o curso superior. Então, a gente tem títulos de qualificação profissional, cursos de menor duração, como cursos de aperfeiçoamento, que estão nessa perspectiva de educação continuada, passando por cursos técnicos”, esclarece.
No caso do setor industrial, o SESI e SENAI são referências na educação básica e profissional, tecnologia e inovação e saúde e segurança para os trabalhadores. Distribuídas em todos os estados e no Distrito Federal, as escolas SESI, por exemplo, adotam metodologias e currículos inovadores voltados às necessidades do mundo do trabalho. Na instituição, quase 190 mil alunos aprendem também em sala de aula robótica educacional, nos ensinos fundamental e médio, em todas as 501 escolas espalhadas pelo Brasil – sem contar as 553 unidades móveis. Apenas no ano passado, o SESI beneficiou ainda mais de 3,5 milhões de pessoas com serviços de saúde e segurança, como a aplicação de quase 990 mil vacinas.
Já o SENAI é um dos cinco maiores complexos de educação profissional do mundo e o maior da América Latina. Os cursos oferecidos formam profissionais para 28 áreas da indústria brasileira, desde a iniciação profissional até a graduação e pós-graduação tecnológica. Em 2018, foram realizadas mais 2,3 milhões de matrículas em educação profissional, nas 587 unidades fixas e nas 457 unidades móveis, entre elas dois barcos-escola. Juntas, as instituições empregam mais de 65 mil pessoas.
Estrutura de primeiro mundo
Na opinião do economista e especialista em educação Cláudio de Moura e Castro, a estrutura e a qualificação oferecida no SENAI podem ser consideradas de primeiro mundo.
“Por quase 15 anos, trabalhei na OIT, no Banco Mundial e no BIT. Me coube, nesse momento, visitar muitas escolas profissionais, algumas em países avançados, mas a maioria nos países ditos ‘em desenvolvimento’. Uma coisa me chamou atenção: eu não vi nenhuma escola de país em desenvolvimento que chegasse próximo às escolas do SENAI. Pelo contrário, essas escolas estão praticamente no mesmo nível daquelas escolas que a gente admira nos países avançados”, disse.
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, aponta ainda que nenhuma instituição da iniciativa privada conseguiria igualar a qualidade do serviço oferecido pelas instituições do Sistema S.
“O governo está com o viés errado quando diz que vai economizar ou vai propiciar emprego cortando isso. O governo não tem condição de substituir os cursos com a qualidade oferecida hoje, jamais. Os cursos são subsidiados e a iniciativa privada, se fosse olhar aqueles que trabalham na área de formação profissional, teriam que ter lucro. Se houver de fato esse corte, muitos cursos que exigem laboratório, processo de complementação para formação profissional que demandam insumos, instalações específicas, não vão poder ser mantidos e vão fechar também”, alerta.
Nota da redação:
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Artigo publicado no Site JusBrasil:
https://senado.jusbrasil.com.br/noticias/100387767/ataides-de-oliveira-denuncia-caixa-preta-do-sistema-s
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