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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Ácido fólico ou metilfolato?


Dra. Mariana Rosario
 ginecologista e mastologista

A suplementação correta, na gestação, pode salvar a vida de muitos bebês

Cerca de 35% da população mundial não metaboliza ácido fólico em metilfolato e ingerir a substância nestas condições, especialmente na gestação, não garante os benefícios dela ao bebê. Além disso, o excesso de ácido fólico não metabolizado no organismo pode causar malformação e autismo

A Medicina avança a passos largos e já se sabe que a suplementação de nutrientes faz parte de uma gestação saudável. A OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda, por exemplo, a suplementação de Ferro e Ácido Fólico a toda a população de grávidas “a fim de evitar anemia das mães, infecção puerperal, baixo peso à nascença e parto prematuro”.



Porém, essa recomendação é bastante controversa. “É um erro prescrever ácido fólico às tentantes e gestantes e aos seus parceiros. O correto é indicar a versão já metabolizada do nutriente, o metilfolato”, alerta a ginecologista e obstetra Dra. Mariana Rosario, do corpo clínico do hospital Albert Einstein.


Mas, por que é errado indicar o ácido fólico?


O ácido fólico precisa se transformar em metilfolato para ser absorvido pelo organismo. Essa metabolização acontece a partir de uma enzima naturalmente produzida pelo corpo humano, chamada metiltetrahidrofolato redutase (MTHFR). “O que acontece, porém, é que 35% da população mundial, segundo um estudo de Guéant-Rodriguez e colaboradores, realizado em 2006, não produzem essa enzima. Sendo assim, os corpos dessas pessoas não transformam o ácido fólico em metilfolato e o nutriente não é aproveitado pelas células, ele fica apenas circulando na corrente sanguínea”, explica a Dra. Mariana.

Se a função do metilfolato é a de produzir novas células, atuar no fechamento do tubo neural do bebê e participar ativamente na formação do cérebro e da medula espinhal do feto, a mulher precisa ingeri-lo já nessa versão, metabolizada, pelo menos três meses antes de engravidar e manter o nutriente suplementado durante toda a gestação. “E não é só isso: o metilfolato atua em outras funções do organismo, também ajudando a evitar anemias e colaborando no transporte de nutrientes para o bebê. É um nutriente fundamental na gestação”, diz a médica.


O que o excesso de ácido fólico pode causar?

O excesso de ácido fólico não metabolizado no organismo pode causar problemas de saúde. Essa substância, quando em excesso, pode mascarar a falta de vitamina B12 – o que é um problema grave de saúde.

Além disso, um estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins indicou que o excesso da substância na gestação pode levar a casos de autismo nos bebês. Segundo pesquisadores, grandes quantidades de ácido fólico podem prejudicar os genes que maturam o encéfalo, causando alguma malformação que proporcione o autismo.

Portanto, conforme a Dra. Mariana Rosario orienta, é importante que cada tentante e gestante seja orientada a ingerir o metilfolato em doses individualizadas, conforme as necessidades apresentadas a partir de exames bioquímicos, com a dosagem ajustada da pré-concepção à gestação. “A dose não é a mesma para todas as mulheres e nem utilizada durante toda a gestação no mesmo volume. O obstetra a ajusta conforme a necessidade de cada paciente”, explica.

A médica também alerta para os perigos da automedicação. “Por tudo o que foi exposto, é imprescindível que medicamentos e suplementos sejam ingeridos apenas sob restrita orientação médica”, conclui.


Sobre a Dra. Mariana Rosario

Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB – Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo. É membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e especialista em Longevidade pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento. É médica cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor Elcimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto. É membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.

Possui vasta experiência em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, tanto em Clínica Médica como em Cirurgia Oncoplástica. Realiza cursos e workshops de Saúde da Mulher, bem como trabalhos voluntários de preparação de gestantes, orientação de adolescentes e prevenção de DST´s. Participou de inúmeros trabalhos ligados à saúde feminina nas mais variadas fases da vida e atua ativamente em programas que visam ao aprimoramento científico. Atualiza-se por meio da participação em cursos, seminários e congressos nacionais e internacionais e produz conteúdo científico para produções acadêmicas.

Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.

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domingo, 22 de maio de 2022

Massoterapia - remédio para o estresse do retorno ao modelo presencial de trabalho



O estresse se tornou rotina na retomada ao modelo presencial de trabalho, após quase dois anos de home-office. As disrupções tecnológicas, somadas às novidades do hibridismo, além das novas velocidades e demandas assimiladas pela “vida moderna”, provocaram o encurtamento das horas do dia e o aumento dos períodos de tensão.

Dados de uma pesquisa publicada no início de 2022 pela consultoria McKinsey revelam que o retorno ao trabalho presencial impactou negativamente a saúde mental de um terço das pessoas em todo mundo. Vale lembrar que os problemas com a saúde mental no trabalho são responsáveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por grande parte da perda de produtividade e, consequentemente, interferem nos resultados gerais das empresas.

Uma das soluções que vêm ganhando mais destaque, devido ao potencial para contribuir para o enfrentamento do estresse do cotidiano e para o tratamento do cognitivo, visando a adequação saudável às centenas de novidades introduzidas pelos anos de pandemia, é a massoterapia. De alívio das dores e tensões, passando pelo relaxamento muscular, pela liberação de toxinas pela corrente sanguínea, pela melhora na flexibilidade e na circulação sanguínea, até a sensação de bem-estar, a massoterapia ataca em várias frentes de cuidados físicos e mentais.

Mas, antes de tudo, é importante frisar que a massoterapia não é exatamente uma massagem. A massagem utiliza uma mesma técnica, um mesmo modelo para todos os pacientes. Todas as manobras manuais são padronizadas. Já a massoterapia submete as pessoas aos movimentos personalizados, sempre de acordo com a necessidade específica e individual de cada um. As combinações utilizadas têm objetivos centrais e também gerais, com toques corporais em movimentos fortes e sutis.

“Nossas articulações são como pontes de energia e ao serem manipuladas melhoram o fluxo natural e a harmonia de todo corpo. Na massoterapia, cada método, movimento e toque são pensados estrategicamente para o tratamento dos pontos críticos, mas também para o cuidado com o ser humano como um todo. Não fazemos o trabalho apenas para um objetivo pontual, trata-se de um olhar atencioso, holístico, observando outros pontos de tensão que precisam ser aliviados. E isso pode trazer qualidade de vida para quem lida com essas novas rotinas”, explicou a massoterapeuta Flávia Assis. Ex-jogadora profissional de vôlei, que hoje é uma das participantes do programa No Limite 6 (Rede Globo).



Técnicas

A massoterapia é formada por uma série de técnicas terapêuticas, todas voltadas para combater os desequilíbrios corporais que provocam mal estar e trazem, consequentemente, prejuízos à saúde, seja mental ou física. Reconhecida pela OMS, é utilizada para diversos fins, seja para o relaxamento, para a estética ou de forma terapêutica, com inspirações culturais ocidentais e orientais.

Flávia também tem aplicado as técnicas profissionais para a recuperação dos colegas de time no reality show, por exemplo, mostrando a importância da massoterapia em outras circunstâncias. Vale destacar que os benefícios se estendem à melhora do desempenho esportivo e também para auxiliar nos tratamentos médicos e até ao aumento potencial do sistema imunológico. Todo trabalho observa as conexões físicas e mentais, procurando proporcionar o máximo de alívio e relaxamento, trazendo impactos positivos até para o humor.

Normalmente, uma sessão de massoterapia utiliza apenas as mãos, sem qualquer tecnologia mecânica. Porém, para ampliar a gama e a intensidade dos benefícios, são utilizadas plantas medicinais, óleos, esfoliantes, aromas e instrumentos físicos com potencial para atingir pontos ainda mais sensíveis. Tudo depende das necessidades de cada paciente. “Mas isso não é um fator limitante. Também temos, hoje em dia, aparelhos, máquinas que ajudam bastante. Porém, é super possível ajudar no equilíbrio e alívio de dores das pessoas onde quer que você esteja. Para isso, aprender as técnicas corretamente é fundamental tanto para o cliente quanto para preservar a nossa saúde enquanto profissional”, explica Flávia.

É importante destacar o quão fundamental é o trabalho realizado por um profissional da área e também com a devida autorização médica. Seguindo todos os protocolos, os limites de atuação da massoterapia se expandem. Alguém que passou por uma cirurgia, por exemplo, pode receber o tratamento como forma de aumentar a oxigenação do corpo e o relaxamento dos músculos, promovendo uma melhor movimentação dos nutrientes para o corpo e beneficiando locais afetados pelos procedimentos. A massoterapia também colabora para que um paciente consiga retomar suas atividades com mais celeridade.

História


Os primeiros registros do uso de técnicas de massoterapia datam de 3.000 anos antes de Cristo (A.C.), segundo os registros históricos. Esse dado coloca a prática no berço das mais antigas civilizações. Sabe-se hoje que em Roma o imperador Júlio César utilizava a massoterapia para aliviar suas dores de cabeça. E no século XI, os japoneses trabalhavam os movimentos com fins pediátricos. Na Grécia e na Roma antiga, a massoterapia deixou de ser apenas uma técnica de relaxamento e passou a ser aplicada também para prevenção e cura de doenças, assim como era feito entre os orientais.

Em 300 a.C., Qi Bo e o imperador Amarelo publicaram na China “O clássico da massagem”, primeira obra original conhecida. Entretanto, o único escrito dessa época presente até os dias atuais foi Han Quan Shu, livro de massagem da dinastia Han. A partir daí, uma série de técnicas foram incorporadas ao estudo da massoterapia, até que, em 1850, os EUA deram o pontapé inicial na pesquisa sobre massagem terapêutica.

Em 1895 Freud testou a técnica em pacientes que apresentavam quadro de histeria, e na 1ª Guerra Mundial, uma técnica sueca de massagens foi usada para recuperar feridos. Finalmente, nos anos 30, diversas clínicas começaram a adotar a terapia como complemento aos tratamentos médicos.