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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

As armadilhas da sucessão familiar

*Por Sebastian Soares e Sidney Ito

Geralmente, o planejamento da sucessão familiar não costuma ser o tópico de maior importância para os proprietários de negócios, porém esse item é fundamental para assegurar o sucesso e o valor da empresa num longo prazo. É importante ressaltar a necessidade de se iniciar, ou pelo menos se discutir, o mais cedo possível esse processo. Tendo em vista que um plano bem elaborado não é algo que se obtém do dia para a noite.

Não há como negar, a importância do plano de sucessão numa empresa. Porém, existem, dentro das organizações familiares, diversos obstáculos que impedem o andamento desse projeto. Além disso, esse tipo de companhias possui particularidades que devem ser consideradas para evitar as dificuldades geradas por qualquer conflito interno ou sentimento de decepção que possa vir a acontecer no decorrer desse processo.

Em se tratando de sucessão familiar, o tempo de execução pode ser um dos gargalos enfrentados pelas empresas, já que esse processo requer um planejamento antecipado. O mais recomendado, nesse caso, é ter um plano de sucessão implementado com bastante antecedência, muitos chegam a realiza-lo entre cinco a dez anos. Esse período adicional permite a adaptação e a flexibilidade à medida que a empresa cresce e passa por mudanças de rumo.

Outro empecilho que pode atrapalhar a sucessão e desviá-la do caminho certo é o sentimento de perda do controle dentro da empresa por parte do proprietário. Por isso, é essencial que o processo seja encarado como uma projeção da posição que a organização deverá ocupar no futuro e como uma forma eficaz de proteger e consolidar um legado como parte da cultura da instituição. Para evitar situações como esta, é imprescindível que haja, dentro da companhia, uma comunicação eficaz. Caso ela seja inadequada ou ineficiente, poderá gerar conflitos e desentendimentos, impedindo qualquer tentativa de resolução das questões relativas a este plano.

É interessante ressaltar que, o estabelecimento de informações gerenciais financeiras e não financeiras, precisas, traz a confiança ao proprietário de não se envolver mais no acompanhamento diário das operações e acompanhar a distâncias os resultados da empresa. O sistema de TI, os processos operacionais e o sistema contábil precisam ser efetivos e possuir controles internos adequados para trazer esta confiança.

Nesse contexto de sucessão familiar, é substancial evitar qualquer tipo de conflito interno. Documentar todo esse processo de forma a tornar mais racional cada decisão tomada é uma boa saída para contornar esses problemas, além de contribuir para a apresentação dos esclarecimentos necessários a todas as partes afetadas. Outra solução é permitir que os membros da família e os funcionários da empresa tenham acesso a canais e recursos para expressar suas opiniões, livre de retaliações, mas ficando claro que todas as opiniões e comentários serão avaliados e poderão ou não ser incorporados ao projeto.

Outra questão que também deve estar na pauta dos proprietários de empresas familiares é a escolha do sucessor. Essa tarefa pode ser árdua. Ter um conjunto de objetivos e critérios poderá ajudar a reduzir a possibilidade de conflitos que poderão surgir como parte do processo de sucessão. O mais importante é que a decisão não seja tomada seguindo um método pré-definido e que todos os potenciais candidatos sejam avaliados com base nos requisitos estipulados. Quando existe tempo disponível para essa decisão, tornam-se possíveis maior flexibilização e, ainda, a mentoração dos eleitos, o que poderá resultar na revelação de um líder nato.

Enfim, ter um plano de sucessão implementado é certamente uma necessidade para qualquer empresa que almeja crescer e ser bem-sucedida no futuro. Por mais que esse procedimento não seja fácil de ser colocado em prática, demande tempo e uma quantia considerável de esforço, vale a pena investir nele para que a empresa passe pelo processo sem grandes danos e conquiste uma sucessão eficaz e sem sofrimento. E principalmente, que a sua perenidade seja estabelecida.

* Sebastian Soares e Sidney Ito são sócios da KPMG no Brasil.

Sobre a KPMG

A KPMG é uma rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory. Estamos presentes em 155 países, com mais de 155.000 profissionais atuando em firmas-membro em todo o mundo. As firmas-membro da rede KPMG são independentes entre si e afiliadas à KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Cada firma-membro é uma entidade legal independente e separada e descreve-se como tal.

No Brasil, a organização conta com 4.000 profissionais distribuídos em 13 Estados e Distrito Federal, 22 cidades e escritórios situados em São Paulo (sede), Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Joinville, Londrina, Manaus, Osasco, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Carlos, São José dos Campos e Uberlândia.

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