FIQUE POR DENTRO

terça-feira, 18 de abril de 2023

Escolas sob ameaça: especialista alerta sobre a necessidade de frear o 'efeito contágio'




Não é segredo que pais, responsáveis e professores vivem dias angustiantes. Afinal, temos presenciado uma onda de ataques e violência que têm o ambiente escolar, antes visto como reduto de acolhimento e segurança, como alvo.

Diante de notícias tão devastadoras, é instintivo que ocorra o compartilhamento de imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques em grupos de WhatsApp, nas redes sociais ou na mídia.

Isso é conhecido como “efeito contágio”. Segundo o psicólogo Filipe Colombini, orientador parental e CEO da Equipe AT, é preciso que todos estejam atentos no sentido de não pulverizar notícias tendenciosas ou ter atitudes que intensifiquem a exposição do assunto.

“Quando alguma ideia ou ação é espalhada, pessoas propensas ao mesmo comportamento acabam sendo influenciadas, ainda que a conduta sob o ponto de vista ético e moral seja errada”, afirma Colombini. “No caso da violência contra as escolas, a cobertura sensacionalista e o compartilhamento irresponsável de informações sobre ataques pode ajudar, mesmo sem a intenção direta, a estimular pessoas com motivações parecidas com as do agressor”, explica o especialista.

Além disso, a propagação de imagens, vídeos e descrições de eventos violentos cria uma sensação de insegurança generalizada que atinge toda a comunidade escolar. “Estamos percebendo um aumento em sentimentos de insegurança, estresse e ansiedade envolvendo a escola, algo que atinge principalmente as pessoas mais vulneráveis ou que já sofreram experiências traumáticas, podendo acarretar até em casos de evasão escolar”, diz o psicólogo.

Ainda segundo Colombini, quem planeja esse tipo de ataque procura reconhecimento e atenção, por isso é crucial que os profissionais de comunicação façam uma cobertura responsável, de forma a evitar o efeito contágio. “É fato que muitos veículos de mídia já adotaram uma nova postura na cobertura desse tipo de caso e passaram a não divulgar imagens violentas, mensagens deixadas pelo agressor e sua identidade”, observa o especialista.

Apoio à comunidade escolar

Algumas ações podem ser adotadas para a prevenção de ataques desse gênero, segundo o psicólogo. Para começar, é preciso que exista um processo educativo para que a população não dê créditos e não compartilhe as ações de extremistas. E toda sociedade pode se engajar nisso, utilizando de seus perfis nas redes para incentivar que as pessoas se abstenham de divulgar os crimes.

No mais, é necessário que as escolas criem ações no sentido de oferecer uma maior conscientização sobre saúde mental na comunidade estudantil, com suporte psicológico para os alunos e estratégias de combate à violência e ao bullying.“Esse, sem dúvidas, não é um problema que se resolve só com segurança, mas sim com a criação de um ambiente escolar mais empático e capaz de identificar e acolher alunos de perfis diversos e diferentes necessidades”, diz Colombini.

Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui você poderá fazer suas denúncias e comentários.
Se você recebeu algum comentário indevido. Utilize-se deste canal para sua defesa.
Não excluiremos os comentários aqui relacionados.
Não serão aceitos comentários com palavras de baixo calão ou denúncias infundadas. Aponte provas caso queira efetuar suas denúncias, caso contrário, seu comentário será removido.