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domingo, 24 de maio de 2009

IRRITAÇÃO E ESTRESSE PODEM CAUSAR BRUXISMO

* Dr. Pedro Luiz Pitarello

"O bruxismo ainda não tem cura definitiva, mas tratamento alivia os sintomas"

Quando degustamos um alimento sequer imaginamos a quantidade de músculos e articulações que entram em ação, pois o ato de mastigar é mais complexo do que parece. Vários grupos musculares, ligamentos, articulações, ossos e região dentária são responsáveis pela coordenação e harmonia da abertura e fechamento da boca. Porém quando este processo não acontece ou ocorre de maneira incorreta, pode surgir uma série de complicações, conforme explica o Cirurgião Buco-Maxilo-Facial, Pedro Luiz Pitarello, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André.

O problema deve ser corrigido assim que diagnosticado, pois pode ocorrer transtornos na articulação da mandíbula, o que ocasiona sintomas da Síndrome da Articulação Têmporo-Mandibular (SATM) ou Distúrbios do Aparelho Estomatognático, que alteram a musculatura facial. Espasmos nos músculos mastigatórios, luxações na articulação têmporo-mandibular, traumas no complexo maxilo-mandibular, problemas na oclusão dentária, bruxismo, tumores
e alterações de desenvolvimento ósseo são problemas que requerem tratamento diferente.

Um dos mais comuns é o bruxismo, também conhecido por briquismo, caracterizado pelo ranger dos dentes durante o sono ou uma pressão excessiva durante o dia, raramente é identificado pelo paciente. Cerca de 15% da população é atingida, entre homens, mulheres e crianças. Não pode ser classificado como doença, mas como uma manifestação de que algo está errado.



As principais causas deste ato inconsciente estão ligadas ao fechamento inadequado da boca, alinhamento incorreto dos dentes, fatores psicológicos, tensão emocional, agressão reprimida, ansiedade, raiva, medo, frustrações, estresse emocional e físico. A maioria dos casos está relacionada ao estresse e forte tensão emocional.

Entre os sintomas estão dores ao morder, bocejar ou abrir a boca; estalo e rangido quando ocluimos os dentes; sensação de mordida desalinhada, torta ou cruzada; dor na face, ouvido, pescoço e nuca; dores de cabeça frequentes, além de estresse, ansiedade e depressão.

Segundo o especialista, dores de cabeça são os sintomas mais comuns em razão da contração excessiva dos músculos da mastigação, que também atingem a face, pescoço, ouvido e ombros. "A articulação temporo-mandibular, também pode ser comprometida com estalos, travamento de abertura e fechamento da boca e até provocar desvios laterais nesses movimentos, além de quadro doloroso que ocasiona desgaste dos dentes, que pode chegar ao tecido gengival. Os traumas e as fraturas nos dentes, os processos inflamatórios nas gengivas levam à perda do suporte ósseo", explica Pitarello.

O primeiro diagnóstico é feito pelo paciente, que ao detectar o problema deve procurar um especialista que realizará exame clínico de apalpação da face. Além do exame físico, os exames de imagem como radiografias, tomografias computadorizadas e a ressonância magnética são importantes para o diagnóstico. O tratamento vai de orientação mastigatória a terapias
complementares, em alguns casos existe a necessidade de ajustes na oclusão, restabelecendo espaços protéticos, adequações de restaurações, próteses dentárias e o uso de aparelhos ortodônticos. Outro item importante do tratamento é descobrir a causa do bruxismo no dia-a-dia, que poderá ser identificado durante um exame clínico.

Para alívio dos sintomas são recomendadas placas de mordida, confeccionadas em resina acrílica - que aliviam e ajudam a preservar os dentes, evitando os desgastes; reabilitação oral por meio de próteses dentária; tratamentos ortodônticos; conscientização da disfunção; relaxamento da musculatura facial; acompanhamento psicológico ou psiquiátrico; bolsas de água quente na
região afetada e massagens aliviam a dor.
"A psicoterapia ajuda no tratamento, pois identifica e trata as dificuldades emocionais associadas", recomenda o especialista.

Nas crianças, o bruxismo até os seis anos de idade é normal e faz parte do desenvolvimento facial. A intervenção profissional só deve ser feita se prejudicar os dentes, causar desgaste excessivo ou mobilidade dental. Nas crianças utiliza-se uma proteção para os dentes, uma placa de mordida de silicone. Após essa fase deverá ser realizado um tratamento com terapia de
apoio.

As crianças com excesso de atividades e que passaram por problemas psicológicos, traumas, brigas de famílias ou cobranças da sociedade ou familiares têm grandes possibilidades de desenvolver o bruxismo.
Não existe cura definitiva, mas o tratamento ajuda a combater os sintomas e uma boa dica é praticar atividades esportivas ou de lazer para redução do estresse. O aumento da tensão só tende a piorar e agravar o problema.






Assista um vídeo explicativo no Youtube:


http://www.youtube.com/watch?v=VXegJj3beVY
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