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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Subprefeitura de Itaquera busca valorizar servidores readaptados


*Felipe Mortara

Ter uma carreira de sucesso dentro da Prefeitura é o sonho de qualquer servidor. Infelizmente, por algum problema médico ou acidente de trabalho, o trabalhador pode ser deslocado de seu posto original de serviço. No entanto, ele tem o direito de ter novas oportunidades e foi para discutir os problemas nessa adaptação que a Sugesp da Subprefeitura de Itaquera criou o Projeto Resgate.

Trata-se de uma iniciativa da coordenadora regional do Programa A3P, Damaris de Souza Perez, que na condição de servidora readaptada teve a idéia de convidar outros 40 funcionários que não exercem mais suas funções originais para compartilhar histórias, vitórias e percalços próprios dos novos desafios profissionais.

Boa parte dos 20 trabalhadores que compareceram à reunião era composta por funcionários dos setores de limpeza, conservação e zeladoria. De acordo com a organizadora, foi um bom número. "A gente sabe que não é fácil lidar com essa ferida, já que muitos de nós sentimo-nos acuados e envergonhados por sermos readaptados", explica. Ela conduziu a conversa com diálogos e leves provocações como forma de estimular os servidores. "Todos devem a perceber seu valor", finaliza.

Escutar as experiências dos outros participantes ajuda a criar cumplicidade. "Estou me sentindo bem melhor depois de conhecer as histórias dos meus parceiros. Estou há mais de 30 anos na Prefeitura, e não conhecia muitos destes colegas", contou o agente de apoio Antonio Carlos Ramos de Azevedo, de 61 anos que trabalhava em pavimentação, mas foi readaptado por laudo médico após ser atropelado três vezes.

Na 1ª dinâmica, foram separadas duplas para se apresentarem, com cada um introduzindo o colega ao grupo. Num segundo momento, turmas de quatro pessoas colocaram por escrito o que os incomodava em pequenos "tijolos" de papel. Posteriormente montou-se um quadro batizado "muro das lamentações". O objetivo era entender se os problemas relatados se encaixavam nos âmbitos profissional, social, pessoal e financeiro dos participantes. A partir de então percebeu-se que as dificuldades enfrentadas por aquele grupo heterogêneo eram comuns em diversos aspectos, como o preconceito, por exemplo.

"Os colegas nas novas repartições, assim como muitos chefes, acham que a gente faz corpo mole, que é preguiçoso. Mas a verdade é que muitas vezes estamos desmotivados", conta Elias Andrade, de 59 anos, que era limpador de piscinas e hoje trabalha na manutenção do pátio. "Me senti livre hoje aqui, tive total liberdade de expressão", completou, logo depois do evento.

Já Maria Rosa Viegas Maranhão já trabalhou em diversas áreas, mas desenvolveu um carinho especial pela cozinha. "Eu adorava lá, mas tive osteoporose e já não agüentava mais ficar tanto tempo em pé. Depois de passar por diversos setores, vim parar na Informática, onde me sinto respeitada", relata. Rosa acredita que a vontade de mudar tem que partir do próprio servidor readaptado. "O funcionário, em geral, não faz muita questão de abrir a mente, mas tem que abrir. A reunião em grupo mostrou isso", diz ela.

Ao analisar atentamente os itens dispostos no "muro" o grupo certificou-se que buscar aprimorar-se deve ser uma prioridade, já que à época em que a maioria ingressou na Prefeitura era exigido apenas 4ª série completa. "Temos que ter uma chance de melhorar, a gente pode mostrar isso", diz Marlene Gonçalves, servidora readaptada, hoje no Conselho Tutelar. O projeto deve continuar no próximo mês com mais um encontro, sempre buscando oportunidades de oferecer cursos para conclusão do ensino fundamental e médio.
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