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sábado, 16 de janeiro de 2010

Abimóvel - IPI e aumento dos paineis de madeira

Abimóvel quer abrir canais de conversação entre fabricantes de painéis para móveis e governo

Principal responsável pela conquista da redução de IPI para o setor, entidade quer evitar que benefício seja cancelado pelo Ministério da Fazenda

A Abimóvel (Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário) quer evitar que o Governo Federal cancele a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) concedida em novembro para móveis e painéis de madeira. Para isso quer estabelecer um diálogo entre o Ministério da Fazenda e os fabricantes de painéis de madeira que, mesmo com o benefício fiscal, aumentaram os preços em até 8,5%, desde o início deste ano. A decisão coloca em risco a continuidade da medida, que vale até 31 de março.
“É uma situação delicada porque houve uma quebra de acordo com o governo. A Abimóvel vem lutando por isso desde 2007 e não podemos deixar que tudo tenha sido em vão. Vamos fazer o possível para sensibilizar o setor fabricante de painéis de que a redução do IPI é fundamental para toda a cadeia produtiva”, afirmou José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Abimóvel. Só em 2009, para que o benefício virasse realidade, ele esteve reunido com lideranças governamentais tais como o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, o ministro do Trabalho, Carlos Luppi e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho.

A expectativa era de que, com a redução do IPI, o setor iniciasse uma recuperação, visto que, entre maio e outubro, teve queda de até 10% mensais. No mesmo período, também beneficiada pela diminuição do imposto, a linha branca (eletrodomésticos de grande porte como fogões e geladeiras) registrou aquecimento de vendas de até 25%. ‘Esperamos um aumento de até 5% mensais nas vendas até o final do benefício, mas, para isso, é preciso que todos estejam engajados e cientes da importância de se cumprir o acordo”, ressaltou Fernandez. Os painéis representam cerca de 60% do valor dos móveis populares no varejo.
A Abimóvel quer evitar, ainda, que se abra uma guerra aos fabricantes de painéis, mas vem recebendo pressões nesse sentido. Tanto é que pode pedir esta semana que o Imposto de Importação das chapas seja reduzido, para se estabelecer um clima de preços mais competitivos no mercado. “Caso o diálogo não seja possível, vamos fazer de tudo para que a confiança não seja quebrada. Para isso, precisamos manter o acordo de diminuir os preços dos móveis, que foi um pedido pessoal do ministro da Fazenda, Guido Mantega”, disse Fernandez.

Cadeia Produtiva

No Brasil, a cadeia produtiva do setor moveleiro é formada por oito indústrias de painéis de madeira e mais de 17 mil de móveis, responsáveis pela geração de aproximadamente 260 mil empregos formais, sendo a nona força de trabalho no país, segundo o IBGE. Merece destaque, também, o fato de que 90% dos insumos dos móveis são produzidos no país, sendo 100% de madeira de reflorestamento provenientes de 500 mil hectares de florestas plantadas, segundo pesquisa realizada pela Abimóvel. Isso promoveu investimentos de mais de R$ 2,4 bilhões nos últimos cinco anos no Brasil, com crescimento acima de 80%, entre 2004 e 2008.

O setor foi abalado, no entando, pela crise econômica que eclodiu no segundo semestre de 2008, freando um pouco o otimismo do mercado, que registrava um faturamento de R$ 27 bilhões no ano, superior aos R$ 22 bilhões de 2007. Em 2009 houve uma queda de 10% nos negócios internos, principalmente por conta do aumento de vendas de eletrodomésticos e automóveis, agraciados com benefícios fiscais oferecidos pelo governo como a redução do IPI.

“Registramos cerca de 30 mil. demissões nos empregos diretos. Isso siginficou uma perda de 11% da força de trabalho, principalmente em empresas exportadoras. Uma tradicional empresa de São Bento do Sul, por exemplo, teve que fechar as portas depois de 50 anos no mercado”, explicou Fernandez.
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