Atuais padrões estéticos podem aumentar riscos de crianças apresentarem distúrbios alimentares quando chegarem à adolescência
Psiquiatra afirma que desde muito cedo meninas são bombardeadas com culto à magreza.
A 28ª edição da São Paulo Fashion Week mal terminou e já recebeu críticas devido ao excesso de magreza exibido pelas modelos durante o desfile. Encerrado na última sexta-feira (22/01), o principal evento de moda da América Latina teve não só desaprovação por parte dos profissionais de saúde, como da própria organização do evento, que expressou, através de um comunicado, sua preocupação com as meninas muito magras e solicitou que “os atuais padrões estéticos sejam revertidos”.
Influenciados pelas imagens de modelos que exibem principalmente pelo e osso, crianças e adolescentes tornam-se obcecados por um porte físico que beira ao esquálido e deixam de se alimentar a fim de manterem-se com baixíssimos níveis de gordura no corpo. Em conseqüência desse pensamento, muitos deixam de comer adequadamente e adotam dietas à base de água e bolacha.
De acordo com a psiquiatra Angélica Claudino, da Comissão Técnica de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira de Psiquiatria, estudos mostram que existe um impacto gerado sobre as imagens veiculadas na mídia nas quais a magreza representa símbolo de beleza. Além disso, a especialista aponta os graves prejuízos dessa influência. “Esses padrões favorecem o surgimento de insatisfação com a imagem corporal e causam baixa auto-estima no jovem, gerando um cenário propício para o desenvolvimento de transtornos alimentares”, revela a médica.
Doenças como anorexia e bulimia nervosa são exemplos de transtornos alimentares, que podem surgir em decorrência do impacto deste “culto à magreza” e de uma alimentação inadequada, em indivíduos vulneráveis. Quando não diagnosticadas e tratadas corretamente, levam a consequências fatais. “Em casos de desnutrição grave ocasionados por uma anorexia nervosa, pacientes não tratados podem cronificar a doença e há sérios riscos de morte por complicações médicas, como arritmias cardíacas, infecções etc.”, alerta Angélica Claudino.
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